Café da Serra de Apucarana tem pedido do registro de IG protocolado no INPI

Apucarana é a quinta maior produtora de café do Paraná e concentra a maior parte dos cafezais no bairro Pirapó. Foto: Jair Ferreira/Prefeitura de Apucarana.

Foi protocolado, na última sexta-feira (7), o pedido de reconhecimento do registro (nº BR4120250000035) de Indicação Geográfica (IG)-, na modalidade Denominação de Origem (DO), para o Café da Serra de Apucarana. Com o selo, que reconhece a autenticidade e a qualidade dos grãos produzidos na cidade, a expectativa é agregar valor ao produto e atrair a atenção de compradores nacionais e internacionais. Hoje, a cidade é a quinta maior produtora de café do Paraná, com uma área cultivada de 1.100 hectares e uma produção anual de 2.376 toneladas.

A análise para a concessão da IG será feita pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), órgão responsável pela certificação. O depósito foi viabilizado com subsídio do programa Sebraetec, do Sebrae/PR, e recursos da Prefeitura Municipal de Apucarana, por meio da Associação dos Cafeicultores de Apucarana (Acap), e também contou com apoio do IDR-Paraná, que ofereceu suporte por meio de capacitações e estudos técnicos. O café da Denominação de Origem “Serra de Apucarana” é cultivado em altitudes entre 700 e 950 metros, em solo vulcânico, clima de chuvas regulares e ventos constantes, que influenciam nas características sensoriais.

A produção é realizada com mão de obra familiar, respeitando as leis trabalhistas, e usa sementes da própria região, com colheita cuidadosa. A bebida, feita a partir dos grãos, tem como características o sabor frutado – frutas amarelas e vermelhas -, com notas de melaço, além de uma acidez típica e equilibrada. Caso a IG seja concedida, poderão usar a Denominação de Origem os cafeicultores estabelecidos no território do município de Apucarana, respeitando-se os seus limites político-administrativos. A estimativa é que a cidade concentre 250 produtores de café.

O cafeicultor e presidente da Associação dos Cafeicultores de Apucarana (Acap), Carlos Cesar Bovo, diz que a cidade tem plantação de pés de café desde a década de 1930. Ele conta que a maioria dos produtores está concentrada no bairro de Pirapó, distante 9,5 quilômetros do centro, caracterizado pelo clima de montanha, que reflete numa bebida de qualidade diferenciada e já reconhecida no exterior, pois o café já é exportado para países como a Itália.

“Temos, na nossa região, um tipo de café com características únicas, que só é produzido em dois lugares do mundo, aqui e na África. Só não temos, até agora, um documento que certifique essa qualidade, por isso, estamos buscando a IG”, explica Bovo.

A modalidade de Denominação de Origem (DO), na qual se enquadra o processo do Café da Serra de Apucarana  – envolve o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.

DO café serra de apucarana

O consultor do Sebrae/PR, Tiago Correia da Cunha, explica que a instituição, além de subsidiar recursos para viabilizar o depósito da IG pelos produtores, também atuou na capacitação deles, para conscientizá-los sobre a importância dessa ferramenta de desenvolvimento territorial. O objetivo é que os cafeicultores utilizem toda a estrutura de governança e controle recém criados para ganhar mercado e divulgar a região.

“A IG deve posicionar mais um município paranaense como produtor de cafés especiais. Caso seja viabilizada, Apucarana se somará às cidades do norte pioneiro como referência em qualidade na cafeicultura, trazendo muitos benefícios para a região. A certificação de IG impulsiona a economia local, gerando emprego e renda, abrindo novos mercados e, até mesmo, impulsionando o turismo regional”, destaca.

Hoje, os cafeicultores locais comercializam os grãos crus. Alguns, vendem para torrefações e outros exportam via corretores. Mas, com a conquista da IG e apoio do Sebrae/PR, Bovo antecipa que serão criadas marcas para os cafés. Além disso, a Acap planeja lançar cursos em seu Laboratório de Cafés Especiais. Hoje, Apucarana já integra a Rota do Café, de Londrina, e visa fomentar o turismo rural a partir do reconhecimento dos cafés especiais.

O prefeito de Apucarana, Rodolfo Mota, afirma que a cultura do café desempenha um importante papel social e econômico, movimentando mais de R$ 215 milhões por ano e se destacando como a quarta maior atividade do Município. Ele acrescenta que a IG garantirá a qualidade e a origem do café, atestando as suas características únicas. Distinção que aumentará a visibilidade da região, que poderá se tornar um atrativo turístico. Além disso, Mota diz que a certificação proporcionará aos produtores o acesso a mercados internos e externos que atendem consumidores exigentes, que valorizam a origem e a qualidade dos grãos.

“A Prefeitura de Apucarana está participando desse processo através do fortalecimento da Secretaria Municipal da Agricultura, com contratações de novos profissionais técnicos e parcerias com o Sistema Estadual de Agricultura e suas vinculadas, visando uma cafeicultura tecnologicamente forte. Além disso, temos a produção de mais de 200 mil mudas de café de qualidade por ano e a entrega de toneladas de insumos, como calcário e fósforo, que são distribuídos aos agricultores a preços subsidiados”, pontua.

Para o prefeito, a conquista da certificação será um grande passo dentro do projeto de desenvolvimento sustentável para a cultura do café de Apucarana.

Cafés produzidos em Apucarana têm como características o sabor frutado, com notas de melaço, além de uma acidez típica e equilibrada. Foto: Edson Denobi.

Produtos com IG no Paraná

O Paraná tem 16 Indicações Geográficas reconhecidas pelo INPI: cracóvia de Prudentópolis, cachaça e aguardente de Morretes; melado de Capanema; mel de Ortigueira; cafés especiais do Norte Pioneiro; morango do Norte Pioneiro; vinhos de Bituruna; goiaba de Carlópolis; mel do Oeste do Paraná; barreado do Litoral do Paraná; queijos coloniais de Witmarsum; bala de banana de Antonina; erva-mate São Matheus; camomila de Mandirituba; uvas finas de Marialva e as broas de centeio de Curitiba. Além delas, há uma IG concedida para Santa Catarina, que também envolve municípios do Paraná e Rio Grande do Sul, que é o mel de melato da Bracatinga do Planalto Sul do Brasil.

O Estado é segundo do Brasil em número de Indicações Geográficas. Fica atrás somente de Minas Gerais, que tem 21, e é seguido pelo Rio Grande do Sul, com 14 registros.

Outros produtos estão em busca do registro e possuem pedidos depositados no INPI: pão no bafo de Palmeira; tortas de Carambeí; mel de Prudentópolis; urucum de Paranacity; queijos do Sudoeste do Paraná; carne de onça de Curitiba; café de Mandaguari; ponkan de Cerro Azul; ovinos e caprinos da Cantuquiriguaçu; ginseng de Querência do Norte e ostras do Cabaraquara.

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