Foi lançado nesta sexta-feira (9), no Memorial de Curitiba, o programa Conexão Cidadã, que leva atendimento direto, acesso à cidadania e a direitos para catadores autônomos de materiais recicláveis. A ação é uma realização da Associação Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (ANCAT) e da Fundação Banco do Brasil, com o apoio da Prefeitura de Curitiba e do Sebrae/PR.
Durante o evento, representantes do governo federal, da administração municipal e de organizações da sociedade civil destacaram o potencial de transformar a vida das pessoas do projeto do Conexão Cidadã, que já passou por outras sete capitais brasileiras.

Em Curitiba, a iniciativa também busca integrar os catadores ao programa Ecocidadão, ampliando o acesso a locais seguros de trabalho e à comercialização organizada dos materiais recicláveis.
Para o prefeito Eduardo Pimentel, a adesão de Curitiba ao programa Conexão Cidadã será mais um avanço nas políticas da capital paranaense para melhorar a qualidade de vida dos catadores de materiais recicláveis informais da cidade.
“O Conexão Cidadã representa mais uma abertura aos catadores informais para terem acesso ao nosso programa Ecocidadão. Isso representa mais uma oportunidade de trabalho em locais seguros e a venda em escala dos materiais recicláveis, dentro das Associações do Ecocidadão, que agregam valor e geram mais renda para as famílias”, disse Pimentel.
Por meio da articulação com redes locais, o Sebrae/PR contribuirá com ações diretas para o público, com ações de capacitação e orientação, além do encaminhamento de políticas públicas.
O diretor-técnico do Sebrae/PR, César Rissete, acrescentou que o Paraná participa do projeto em parceria com o Sebrae Nacional, o governo federal e a prefeitura de Curitiba, atuando junto aos catadores de materiais recicláveis e na organização e fortalecimento das cooperativas.
“O foco está na economia circular, promovendo a melhoria da gestão dos catadores e das cooperativas, que, ao se formalizarem, tornam-se empresas e precisam de apoio técnico e gerencial”, disse.

Segundo ele, os catadores se beneficiam diretamente ao terem seu trabalho valorizado, com acesso a mercados que pagam melhor e proporcionam aumento de renda.
“Quando a cooperativa se formaliza, ela precisa de gestão porque se transforma numa empresa”, acrescentou.
O ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República, destacou que o projeto Conexão Cidadã é uma iniciativa do governo federal em parceria com associações nacionais de catadores, com o objetivo de realizar uma busca ativa de trabalhadores autônomos que atuam com materiais recicláveis, especialmente nas periferias. Muitos deles estão fora do CadÚnico e sem acesso a direitos básicos.
Segundo ele, Curitiba foi escolhida como cidade-piloto na aplicação do programa no sul do País.
“É uma busca ativa no sentido de botar luz nesses companheiros e companheiras e trazê-los para dentro das políticas públicas”, enfatizou.
Conheça o projeto
O Conexão Cidadã oferece apoio gratuito a catadores autônomos por meio de atendimento social, orientação jurídica, atualização de documentos e encaminhamento para serviços públicos. Entre as ações previstas estão oficinas formativas, mapeamento dos territórios de atuação dos catadores, articulação com a rede de saúde e assistência social, além de mutirões de atendimento.
O projeto foi proposto pelos movimentos nacionais dos catadores e catadoras de materiais recicláveis e tornou-se realidade com o apoio da Secretaria-Geral da Presidência da República e da Fundação Banco do Brasil.
Por meio de unidades móveis, o projeto oferece acesso a programas sociais, segurança alimentar, orientações sobre direitos trabalhistas, apoio jurídico, assistência para a obtenção de documentos, orientações sobre saúde e apoio psicológico. Esses serviços são realizados em parceria com estados, municípios e instituições como o Sebrae.

De acordo com Luiz Henrique da Silva, mobilizador nacional do Conexão Cidadã, o trailer do programa funciona como uma unidade de atendimento itinerante. Ele percorre diferentes regiões da cidade, com base em um roteiro semanal, elaborado a partir de um mapeamento prévio que identifica os locais com maior concentração de catadores e catadoras de materiais recicláveis — como vilas, praças, depósitos e associações.
Em cada local, segundo ele, o trailer permanece por um ou mais dias, conforme a demanda, e oferece atendimentos presenciais diversos, incluindo cadastramento no CadÚnico, retirada de documentos, busca por pessoas desaparecidas, apoio psicossocial e levantamento das condições de trabalho dos catadores.
“A ideia é levar cidadania e acesso a políticas públicas diretamente às comunidades atendidas”, resumiu.
Já Roselaine Mendes Ferreira, mobilizadora do Trailer do Conexao Cidadã, explicou que o foco do projeto são os catadores autônomos, que atualmente não têm acesso a assistência adequada. Ela destacou também que, se possível, esses profissionais sejam integrados a associações ou cooperativas já existentes.
“O trabalho em conjunto fica mais leve do que você trabalhar individualmente”, concluiu.