Março na UFPR: Atividades pelo enfrentamento das violências de gênero

O mês de março, dedicado à reflexão sobre os direitos das mulheres, foi marcado por uma série de atividades promovidas pelo Projeto Põe na Roda, uma iniciativa de extensão da Universidade Federal do Paraná (UFPR) voltada para o combate à desigualdade de gênero no ensino superior. Este foi o quinto ano consecutivo de ações voltadas para a temática, com o objetivo de promover o enfrentamento das violências de gênero. O evento contou com a colaboração de diversos setores da UFPR e de parcerias com diferentes campi e entidades, reforçando a importância de um trabalho coletivo para a criação de políticas públicas eficazes para as mulheres.

Envolvimento da UFPR e parcerias 

As atividades foram organizadas pela Coordenação de Políticas Interseccionais para a Equidade de Gênero, Raça e Sexualidade (CPIn/PROAFE), com o apoio de diversos setores da universidade, além de coletivos e projetos de extensão. Entre os 31 eventos realizados durante o mês, houve destaque para as palestras e rodas de conversa, que abordaram temas como saúde, equidade de gênero, políticas públicas e violência contra a mulher.

Equipe da Proafe. Foto: Arquivo pessoal

A Reitoria da UFPR também celebrou o mês com a posse da Vice-Reitora Camila Girardi Fachin e a nomeação da nova Direção do Setor de Ciências Exatas, composta por Caroline da Ros Montes D’oca como a nova diretora e Camilla Karla Brites Queiroz Martins de Oliveira como vice-diretora, ambas importantes representantes nas ações da universidade.

Ações nos diferentes campi da UFPR

A diversidade de atividades realizadas nos diferentes campi da UFPR foi um dos pontos altos deste evento, com destaque para:

  • Faculdade de Direito da UFPR: Aulas magnas com a professora Débora Diniz (UnB) e o Ministro Luiz Edson Fachin (STF), além de rodas de conversa sobre epistemologias feministas.
  • Setor de Ciências Sociais: O campus Palotina promoveu a 2ª edição da Jornada Mulher, que contou com palestras sobre organização financeira e oficinas de Ikebana e cultivo de plantas medicinais.
  • Setor Jandaia do Sul: Organizou a 2ª edição da Jornada Mulher, abordando temas como direitos e igualdade, além de oferecer oficinas sobre empoderamento feminino.
  • Setor de Ciências da Saúde: Organizou workshops sobre saúde da mulher e uma palestra sobre prevenção ao câncer de mama.
  • Campus Litoral (Matinhos): Ofereceu uma programação diversificada com palestras sobre atendimento às mulheres em situação de violência, exposições culturais e um mutirão de atendimento jurídico, além de atividades de comercialização de produtos agroecológicos.

Outros setores, como o Setor de Exatas, o Setor de Educação, a Proec, o Projeto Meninas e Mulheres nas Ciências – MMC/UFPR, e muitos outros, também se envolveram ativamente na organização e execução das atividades.

Camila Fachin, vice-reitora da UFPR, também mencionou as ações desenvolvidas pela universidade para o enfrentamento das violências de gênero. “A comissão para criação das políticas de enfrentamento às violências foi instituída quando o professor Sunny assumiu a reitoria. Essa comissão está finalizando, conforme nosso compromisso de campanha, o texto para envio da política ao conselho universitário. Existe também um outro grupo de trabalho que tem discutido a maternidade e parentalidade. Esse grupo tem criado espaços para mães e pais dentro da UFPR. Já foi criado um dentro da P4E, e também foi reativado um espaço que existia na UFPR Litoral. A ideia é que existam esses espaços em todos os nossos setores”, afirmou Camila.

A contribuição do movimento feminista e de projetos de extensão

O Movimento Feminista da UFPR deu continuidade à construção do Coletivo Feminista da UFPR, promovendo diversas palestras sobre temas como saúde da mulher, transtornos neurodivergentes e terapia hormonal. Também foram realizadas ações conjuntas com outras iniciativas de apoio à mulher e à diversidade sexual, como o 1º Encontro Clube Lesbos, que abordou temas ligados ao universo lésbico e à literatura, com a participação da escritora Carolina Jordão.

O papel da ouvidoria feminina no combate às violências de gênero

O encerramento das atividades de março ocorreu no dia 28 de março, com uma mesa redonda no Auditório Eny Caldeira, mediada por Célia Ratusniak, coordenadora da CPIn/PROAFE, com a presença da vice-reitora Camila Fachin e da professora Flávia Máximo. Flávia, uma das criadoras da Ouvidoria Feminina da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), é uma das principais referências nas discussões sobre violência de gênero e políticas interseccionais.

Durante a mesa redonda, Flávia Máximo enfatizou a importância da rede feminista interseccional para o fortalecimento de práticas que combatem as violências de gênero, de raça e a LGBTfobia. Flávia destacou a experiência pioneira da UFOP, onde foi criada uma Ouvidoria Feminina, com um fluxo específico de atendimento e protocolo de acolhimento multidisciplinar à comunidade acadêmica e à cidade. “Nós fomos pioneiras, mas queremos que essa prática se reverbere, se replique, porque não vamos conseguir estabelecer novas políticas de gênero, raça, contra capacitismo e LGBTfobia de forma isolada. É fundamental essa troca de saberes e experiências, para que possamos evoluir coletivamente”, afirmou Flávia.

Ela também ressaltou que a principal violência ocorrida na universidade é o assédio. “O assédio está ligado às relações de trabalho, tanto o assédio moral quanto o sexual, e temos diversos tipos de assédio moral: o vertical, o horizontal, o individual e o institucional. Já o assédio sexual se divide em dois tipos: a chantagem e a intimidação.”

Essa palestra foi uma das últimas atividades de um mês repleto de ações, mas de grande importância para o fortalecimento das políticas de gênero e a criação de uma rede de apoio interinstitucional. 

Ao comentar sobre o impacto do evento, Célia Ratusniak, destacou que a participação de vários setores e campi da universidade foi fundamental para o sucesso do mês, afirmando que as 31 atividades realizadas foram um reflexo do compromisso da UFPR com a promoção da equidade de gênero e o combate às violências sofridas pelas mulheres.

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