Prisão de jogador por racismo contra adversário: alvo da injúria no PR foi vítima de ofensa racial em outro jogo do Brasileirão há menos de um ano

No primeiro caso, suspeitos eram torcedores e ofensas foram captadas por vídeo. No segundo, jogador do time adversário foi preso em flagrante ao final do jogo. Para Allano, ser ofendido pela cor da pele é ‘doloroso, revoltante e, acima de tudo, inaceitável’. Jogador de futebol Allano Brendon de Souza Lima atua no Operário (PR)

André Jonsson/OFEC/Divulgação

O jogador de futebol Allano Brendon de Souza Lima, que denunciou ter sido alvo de injúria racial no último domingo (4) em uma partida do Brasileirão, foi alvo de ofensas racistas em outro jogo do mesmo campeonato há menos de um ano.

O caso mais recente aconteceu na Série B, em Ponta Grossa (PR), com o atleta atuando pelo Operário-PR. O anterior foi em junho de 2024, em uma partida da Série A, em Goiânia (GO). Na época, Allano jogava pelo Criciúma-SC.

Enquanto que na primeira vez os suspeitos eram torcedores, e tiveram os gritos filmados por uma equipe televisiva, nesta última situação o suspeito é um jogador do time adversário – Miguelito, do América-MG – que foi preso em flagrante após o final da partida. Saiba mais abaixo.

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No caso mais recente, menos de 24 horas depois da prisão, Miguelito recebeu liberdade provisória e direito a responder ao processo em liberdade.

Allano optou por não conceder entrevistas sobre o novo caso de racismo, mas se manifestou por meio de nota. No texto, ele afirma que o futebol, assim como a sociedade em geral, precisa dizer basta ao racismo, e pede “justiça, responsabilidade e, sobretudo, empatia”.

“Infelizmente, mais uma vez, o racismo mostrou sua face cruel dentro de um espaço que deveria ser de celebração, respeito e igualdade. Ser ofendido pela cor da minha pele é algo doloroso, revoltante e, acima de tudo, inaceitável. Não vou me calar. Não por mim apenas, mas por todos os que já passaram por isso e por aqueles que ainda lutam para que esse tipo de violência acabe de vez”, diz a nota.

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Pós-doutor em Ciências da Atividade Física com ênfase no racismo estrutural no Esporte, Leandro Lacerda acredita que a impunidade favorece a multiplicação do crime de racismo no futebol.

“Casos assim continuam se repetindo porque as punições, quando acontecem, são muito brandas. Infelizmente, ainda não houve uma punição exemplar, seguida por outras medidas exemplares. Dessa forma, o infrator comete o crime praticamente na certeza de que não vai acontecer nada. Ou, quando acontece, é uma multa insignificante”, disse o especialista, à Agência Brasil.

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Allano chorou após denunciar o caso ao árbitro

Valdecir Galvan/RPC

Casos de racismo contra Allano

Em 2024, Allano foi vítima de falas racistas no jogo entre Atlético-GO e Criciúma-SC, ocorrido em 20 de junho, na capital goiana. Na época, ele defendia o clube catarinense e o crime foi captado por uma filmagem.

Quando outro jogador faz um gol, ele comemora em direção à torcida adversária e, no vídeo, é possível ouvir gritos como “negro safado”. Veja abaixo.

Em 2024, Allano foi vítima de ofensas raciais em partida do Brasileirão

No caso de 2025, o atleta relatou ter sido alvo de ofensas racistas proferidas por um jogador do time adversário, e o caso foi parar na polícia.

“O jogador do América-MG teria proferido a expressão ‘preto do ca**lho’ contra o jogador da equipe paranaense. […] A ofensa racial foi confirmada tanto pela vítima, quanto pelo jogador Jacy, capitão do Operário Ferroviário, que presenciou o ocorrido”, explicou o delegado Gabriel Munhoz, responsável pelo caso.

Ele ressaltou que, apesar de nesse caso nenhuma gravação ter captado a ofensa (porque o suspeito estava de costas para as câmeras no momento da fala) os depoimentos foram considerados suficientes para a caracterização do flagrante. Confira no vídeo abaixo.

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Jogador nega prática do crime

Durante o depoimento à polícia, Miguelito negou que tenha se referido a Allano com expressões racistas.

À RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, a defesa do jogador boliviano disse que segue o posicionamento do América-MG.

Em nota divulgada nas redes sociais, o clube destacou que o atleta negou a prática do crime à polícia e afirma que confia na palavra do jogador e está oferecendo suporte para auxiliá-lo no caso.

“O Clube reafirma seu compromisso inabalável no combate ao racismo. Esses valores são inegociáveis, e o América Futebol Clube repudia veementemente qualquer ato de preconceito e discriminação”, finaliza o texto.

Em depoimento à polícia, Miguelito, meia do América-MG, negou ter usado expressões racistas contra outro jogador

Reprodução/Polícia Civil do Paraná

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