Fraude à cota de gênero pode alterar composição da Câmara Municipal de Apucarana

A política de Apucarana pode passar por uma reviravolta nos próximos dias após uma decisão da Justiça Eleitoral que reconheceu fraude à cota de gênero nas eleições municipais de 2024. O partido Democracia Cristã (DC) teve todos os votos anulados após comprovação de que usou candidaturas femininas fictícias apenas para cumprir a exigência legal mínima de 30%. A principal envolvida, Shirley Oliviere, admitiu em depoimento que nunca teve intenção de disputar o cargo, confirmando que sua candidatura foi registrada apenas para ajudar o partido.

Com a sentença, o Ministério Público Eleitoral pediu a cassação do diploma de Adan Lenharo, eleito vereador pelo DC, e a recontagem dos quocientes eleitoral e partidário. A medida pode provocar mudanças significativas na composição da Câmara Municipal, já que também afeta diretamente os mandatos de Luciano Facchiano (Agir) e Luiz Vilas Boas (PDT), que seriam beneficiados indiretamente pelos votos agora anulados. Caso a decisão seja mantida em instância superior, devem assumir os suplentes Lucas Leugi (PSD), Odarlone Orente (PT) e GM Pablo (Cidadania).

A ação foi proposta por Damarli Guarnieri, que apontou indícios claros de candidaturas de fachada, sem qualquer movimentação financeira ou atos reais de campanha. Além de Shirley, o nome de Juliana Pereira dos Santos também aparece como uma das candidatas que teriam sido incluídas apenas para cumprir a cota mínima exigida pela legislação. A Justiça Eleitoral considerou as provas consistentes, inclusive com o depoimento da própria Shirley confirmando a prática irregular.

A repercussão do caso vai além da troca de cadeiras. A decisão levanta um debate importante sobre o uso indevido da cota de gênero, um instrumento criado justamente para garantir maior participação feminina na política. Casos como esse colocam em xeque a credibilidade do sistema eleitoral e acendem o alerta para a necessidade de maior fiscalização e responsabilidade por parte dos partidos.

Nos bastidores, já se comenta que Lucas Leugi deve reassumir uma cadeira na Câmara Municipal com a saída de Adan Lenharo. Com 2.148 votos nas últimas eleições, Leugi volta ao cenário político em um momento estratégico, podendo retomar protagonismo e fortalecer seu nome para as próximas disputas. A expectativa agora gira em torno do desfecho do processo e da possível confirmação da mudança na Justiça Eleitoral do Paraná.

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