Pesquisa de doutoranda da UFPR revela impactos do desmatamento da Amazônia no Sul do Brasil

A doutoranda Ana Carolina da Silva, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi premiada na 5ª edição do “25 Mulheres na Ciência América Latina | Edição especial universitárias. O programa reconhece projetos inovadores de universitárias latino-americanas nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). Seu projeto, intitulado Teleconexões e mudanças climáticas: como o desmatamento na Amazônia redefine a dinâmica das chuvas e da floresta na bacia do Iguaçu”, oferece uma análise profunda e essencial sobre as consequências do desmatamento na Amazônia, estendendo os efeitos dessa degradação para o Sul do Brasil, especialmente na Bacia do Rio Iguaçu. Ana desenvolveu sua pesquisa sob a orientação do professor Franklin Galvão.

Doutoranda Ana Carolina da Silva. Foto: Arquivo pesoal

A pesquisa de Ana Carolina destaca-se não apenas pela relevância científica, mas também pela contribuição significativa que oferece à compreensão dos efeitos interconectados entre ecossistemas distantes. Ao investigar como o desmatamento na Amazônia altera o regime de chuvas em regiões remotas, como a Mata Atlântica no Paraná, a pesquisa demonstra a complexa relação entre a grande floresta tropical e o clima no Sul do Brasil. Através do fenômeno das “teleconexões climáticas”, a pesquisa revela como o impacto ambiental na Amazônia pode gerar secas mais severas ou chuvas extremas, afetando a saúde das florestas e os recursos hídricos, com consequências diretas para a agricultura e para a qualidade de vida das populações locais.

O estudo de Ana explora uma conexão crucial entre a Floresta Amazônica e a Bacia do Iguaçu, por meio de sistemas atmosféricos como os Jatos de Baixos Níveis, ventos que transportam a umidade da Amazônia para o Sul do Brasil. Com a crescente taxa de desmatamento, essas dinâmicas estão mudando, e a pesquisa oferece dados alarmantes sobre a redução da quantidade de chuva que chega à região, o que impacta diretamente a bacia hidrográfica que abastece grande parte do estado do Paraná. Essa bacia é um dos principais reservatórios de água da região, com implicações econômicas e ambientais significativas, especialmente nas áreas de preservação e na agricultura.

Utilizando dados climáticos e de desmatamento de 2011 a 2023, Ana Carolina aplicou uma metodologia robusta, incluindo análise de paisagem, para investigar os efeitos dos eventos climáticos extremos na saúde da floresta da Bacia do Iguaçu. Os resultados reforçam a necessidade urgente de estratégias para mitigar os impactos da degradação ambiental na região, propondo uma abordagem integrada que envolva ações de conservação, restauração florestal e políticas públicas eficazes.

Além da contribuição científica, o trabalho de Ana Carolina tem um forte impacto no empoderamento feminino na ciência, destacando a importância da presença de mulheres em áreas como as ciências ambientais e engenharia, ainda sub-representadas no campo da pesquisa. O prêmio recebido simboliza não apenas o reconhecimento de seu trabalho, mas também a crescente participação das mulheres na ciência e a necessidade de mais mulheres em posições de liderança nas pesquisas científicas.

Como parte do reconhecimento internacional, o projeto será publicado no livro digital 25 Mulheres na Ciência 2025” e na plataforma online da 3M, ampliando o alcance das descobertas de Ana Carolina e contribuindo para a conscientização global sobre a importância da preservação ambiental. Para a doutoranda, o prêmio representa o reconhecimento de seu compromisso com a pesquisa científica e a conservação das florestas, além de ser um incentivo para continuar sua jornada na busca por soluções para os desafios ambientais mais prementes.

Contribuições e Perspectivas Futuras

Os resultados da pesquisa de Ana Carolina ressaltam a necessidade de uma ação coordenada para combater o desmatamento ilegal e ampliar as iniciativas de conservação no Brasil. A implementação eficaz do Código Florestal, o fortalecimento de unidades de conservação e terras indígenas, e o incentivo ao manejo sustentável da terra são fundamentais para reverter os efeitos negativos do desmatamento na Amazônia e garantir um futuro mais equilibrado para as florestas do Sul do Brasil e suas comunidades.

Mulheres na Ciência

O prêmio 25 Mulheres na Ciência, promovido anualmente pela 3M, tem como objetivo reconhecer e divulgar o trabalho de mulheres cientistas da América Latina e do Canadá. Nesta edição de 2025 foram 25 vencedoras: 10 representando o Brasil, 10 representando o México e 5 de países da América Latina. Veja mais informações aqui. 

Foto de destaque: Pixabay

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