UFPR desenvolve projeto inédito de cultivo de robalos em gaiolas no litoral do Paraná

O cultivo de robalos em gaiolas, uma prática ainda inédita em escala comercial no Brasil, é o foco de um projeto de extensão universitária desenvolvido pelo Grupo de Estudos em Piscicultura (GEPeixe) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Coordenado pelo professor de Engenharia de Aquicultura do Campus Pontal do Paraná, Fabiano Bendhack, o projeto busca integrar pesquisa acadêmica e extensão para atender demandas ambientais, econômicas e sociais.

“Nosso objetivo é desenvolver e repassar para a comunidade interessada as técnicas de cultivo dessa espécie em gaiolas, unindo o conhecimento acadêmico à prática”, explica Bendhack.

A escolha do robalo não foi por acaso. Essa espécie nativa, que habita rios, baías e praias ao longo da costa brasileira possui grande relevância econômica e ambiental. “O robalo movimenta a pesca esportiva no litoral do Paraná e é uma das espécies mais procuradas pela pesca artesanal, garantindo sustento para centenas de famílias”, destaca o coordenador. Além disso, a carne branca e firme do robalo é muito apreciada na gastronomia, o que eleva ainda mais sua demanda.

O projeto visa, portanto, equilibrar a exploração da espécie com a conservação dos estoques naturais. “O cultivo do robalo poderá aliviar a pressão nos estoques naturais e, ao mesmo tempo, oferecer uma atividade rentável para quem deseja cultivá-lo”, pontua Bendhack.

Seleção genética e reprodução

No laboratório do GEPeixe, os pesquisadores estão avançando na reprodução e seleção genética da espécie. Em 2023, foi realizada a primeira reprodução de robalos na UFPR, resultando em duas famílias de juvenis. “Selecionamos os peixes com maior velocidade de crescimento, implantamos microchips para identificação e, nesta temporada de 2024, um dos machos foi cruzado com uma fêmea selvagem, originando uma nova prole que será testada”, explica o coordenador.

Atualmente, a equipe conduz um processo de larvicultura com 14 mil larvas, que possuem cerca de dez dias de idade e três milímetros de comprimento. A expectativa é atingir uma taxa de sobrevivência de 15% até que elas se tornem alevinos com 60 dias de vida.

Embora o cultivo comercial de robalos ainda esteja em estágio inicial, o projeto da UFPR busca criar as condições necessárias para viabilizá-lo. “Um cultivo comercial precisa garantir que a performance produtiva supere os custos. Estamos aprimorando as técnicas na universidade e acreditamos que é possível atingir essa meta, mas ainda é preciso testar”, afirma Bendhack.

Para iniciar o processo em gaiolas, é necessário licenciamento ambiental e estudos detalhados sobre características locais, como correntes marinhas, profundidade e ventos. “O cultivo em gaiolas com finalidade comercial ainda não foi testado para robalos. Nossas pesquisas, até agora, se concentraram em reprodução, larvicultura e nutrição nas fases iniciais, o que embasa o projeto atual”, explica.

Segundo o professor, os próximos passos incluem buscar parcerias com produtores e financiadores, licenciar áreas de cultivo piloto, testar sistemas de engorda indoor e em gaiolas experimentais, e aprofundar os estudos de mercado.

“Precisamos de parceiros interessados em desenvolver a tecnologia conosco. Ainda há muitas questões a serem resolvidas, como o tipo de gaiola ideal e a aceitação do mercado consumidor. É uma linha de pesquisa longa, que exige tempo e recursos”.

A expectativa é que, ao combinar inovação, ciência e preservação ambiental, o projeto não apenas abra novas possibilidades para a piscicultura brasileira, mas também contribua para a sustentabilidade dos recursos naturais e a geração de renda no litoral do Paraná.

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