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Hiully Thaina Andrade Oliveira, aluna do oitavo período de Licenciatura em Letras-Português, é a primeira estudante da Universidade Federal do Paraná (UFPR) aprovada no Programa Caminhos Amefricanos. Este intercâmbio é destinado a estudantes de licenciatura e professores da educação básica quilombola ou autodeclarados pretos ou pardos.
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O objetivo do programa é fomentar a troca de conhecimentos, experiências e políticas públicas voltadas para o combate ao racismo e para a educação das relações étnico-raciais. A partir da cooperação acadêmica entre instituições educacionais, o programa também visa incentivar pesquisas e o desenvolvimento científico e tecnológico para a promoção da igualdade racial. A iniciativa é promovida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação (MEC) e pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR).
O intercâmbio ocorrerá em Cabo Verde, no Centro Universitário Cabo Verde (Uni-CV), situado na capital, Cidade da Praia, com duração de 15 dias. Hiully embarca no dia 2 de dezembro, mas antes participará de um curso preparatório online sobre a história e cultura do país, oferecido a todos os discentes aprovados no programa. Os docentes aprovados para a Colômbia viajarão para Bogotá, onde participarão de ações formativas com a Secretaria de Educação Distrital, visitas guiadas a escolas, locais históricos e museus, além de rodas de conversa com movimentos sociais afro-colombianos.
Hiully compartilhou suas expectativas para o intercâmbio: “Minha expectativa é muito alta. Acredito que o intercâmbio vai contribuir muito para o meu currículo, pois, após a vivência, irei escrever um artigo para apresentar no seminário, o que pode abrir muitas portas. Além disso, pretendo seguir uma carreira acadêmica”.
A aluna também destacou o apoio que recebeu de diversas pessoas e organizações para conquistar essa oportunidade. A professora Juliana Barbosa, que lecionou a disciplina de Comunicação e Raça, uma de suas matérias eletivas, foi uma das responsáveis por aproximá-la da professora Amanda Crispin Ferreira, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI). Durante a disciplina, Juliana organizou um evento que possibilitou essa importante conexão.
Um dos pré-requisitos do edital do programa era a participação em projetos relacionados às questões raciais. Paulo Vinícius Baptista da Silva, superintendente da Superintendência de Inclusão, Políticas Afirmativas e Diversidade (Sipad/UFPR), relatou: “Hiully se inscreveu no projeto de extensão Karingana, que aborda literatura infantil com temática africana e afro-brasileira, sob a orientação da professora Amanda Crispim, que também é colaboradora no projeto de pesquisa que eu coordeno.” Essas conexões são fundamentais para sua trajetória acadêmica.
O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) da UFPR, ligado à Sipad, também teve papel fundamental em sua jornada. O núcleo divulgou o Programa Caminhos Amefricanos, organizou ações para esclarecer dúvidas e prestou apoio na organização da documentação necessária para a candidatura ao intercâmbio.
Paulo Vinícius ainda ressaltou: “Ter novos estudantes que participem desse programa criado pela Capes e pelo Ministério da Igualdade Racial é muito significativo para nós. Queremos continuar investindo para enviar outros alunos a diferentes países e ficamos muito felizes com a conquista da Hiully.”
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Sobre Hiully
Hiully é a primeira pessoa de sua família a estudar em uma universidade federal e a participar de um intercâmbio. Ela compartilhou a importância desse marco em sua história: “Isso estava fora da minha realidade social. Minha mãe conseguiu terminar o ensino fundamental, mas meu pai não, e ele faleceu quando eu tinha 15 anos. Passamos por muitas dificuldades e eu nem sabia o que era uma universidade federal. Agora, estou muito feliz em participar desse intercâmbio.”
No Ensino Médio, Hiully fez cursinho pré-vestibular, o que a ajudou a ser aprovada na UFPR. Consciente da importância da educação, ela e três colegas fundaram o Cursinho Popular AJA, um curso preparatório mantido apenas por voluntários, voltado para pessoas que desejam prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e vestibulares.
A permanência de Hiully na universidade foi garantida pelo apoio do Programa de Assistência ao Estudante da UFPR (Probem), que oferece auxílio permanência e refeição. Hiully destacou: “Esses auxílios foram fundamentais para que eu pudesse continuar na faculdade e ter mais tempo para me dedicar ao projeto”.
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Esses programas não apenas enriquecem a formação acadêmica, mas também promovem a diversidade cultural e o intercâmbio de experiências, contribuindo para uma educação mais integrada e consciente.
Confira a listagem completa dos aprovados no Programa Caminhos Amefricanos.
Por Amanda Poso e Bruna Soares
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